Quando cheguei a Puerto Maldonado fui saudada com 34 graus de calorzinho bom ! Humm que delicia !
Puerto Maldonado é diferente das outras cidades que visitei , as casas em vez de tijolo de barro ou tijolo normal são maioritariamente feitas de madeira e todas pintadas de cores garridas o que nos oferece um cenário alegre à vista .
Durante a aproximação do voo avistei um enorme caudal de rio cor de laranja vivo que contrastava lindamente com o verde da selva , o rio serpenteava por entre a vegetação e a dado momento unia-se a outro completamente castanho a a cor laranja desaparecia totalmente . Nunca tinha visto nada assim.
Da cidade ao logde fazemos uma hora e meia de barco no rio Madre de Dios para percorrer 30 kms de distância . O hotel fica numa reserva ecológica conhecida com Tambopata e fomos informados que não iriamos ter cobertura de telemovel , nem internet e que mesmo a electricidade estava sujeita a horários - duas horas durante o almoço e cinco horas à noite , das 17h00 às 22h00. A partir dessa hora era lights-out para todos e estavamos entregues à bicharada . Fomos instruidos de não ter qualquer tipo de comida no quarto pois isso poderia atrair qualquer convidado inesperado ao quarto durante a noite ... que medo !
Fui observando o grupo que ia comigo no barco :
- uma familia peruana , pai , mãe e um casal de filhos na casa dos vinte.
- duas raparigas que falavam inglês com ar de importantes .
- dois espanhóis
- e quatro jovens americanos de mochilas
Com alguém iria falar de certeza durante estes quatro dias . Viajando sozinhos temos sempre mais hipóteses de estabelecermos contactos porque não temos nenhum amigo a quem nos ancorar . E eu graças a mim , não sou muito timida e acabo sempre por conversar com alguém .
Contra as minhas expectativas uni-me muito aos quatro putos americanos e aos dois espanhóis . Fomos os desasossego da selva naqueles quatros dias . Eu imagino os animais a observarem-nos e a pensarem mas quem são estes "animais" tão galhofeiros ? sempre a rir? ... estes humanos são mesmo estranhos !
Vamos às apresentações :
De Espanha - o Andrés ( País Vasco ) e o Javi ( Cartagena mas a viver em Barcelona ) . Gajos bem dispostos e sempre com piadas non-sense . Era impossivel não me dar bem com eles , estavamos no mesmo registo idiota ! E bem gatos por sinal
O Andrés é informático e o Javi trabalha com combustiveis no aeroporto de Barcelona. Moços andadeiros que todos os anos fazem férias dedicadas ao trekking . Eu e o Javi divertimo-nos a pregar partidas ao Andrés que às vezes parecia andar no mundo da lua .
Dos E.U.A - O Alex , o Russel , o Todd e o Mike . Todos tinham 20 anos e estudavam ciências politicas em Buenos Aires havia 4 meses . Estavam a fazer uma férias escolares . Eram impecáveis . Eu particularmente sou bastante preconceituosa em relacção a americanos e confesso que tenho tendência a etiquetá-los de arrogantes e presunçosos mas estes muidos eram amorosos , super curiosos por tudo que era diferente da cultura deles , interessados e muito educados . De todos os americanos que conheci estes dominavam perfeitamente o espanhol e faziam sempre questão de falar connosco em espanhol para aperfeiçoar o sotaque e a gramática . "Fustigaram" o Andrés e o Javi de dúvidas e faziamos muitas comparações entre termos de Espanha e da América do Sul .
Na primeira tarde fomos todos de visita à ilha dos macacos . Em frente ao lodge , do outro lado do rio , existe uma ilha onde o pessoal do hotel realojou macacos que estavam em cativeiro em Puerto Maldonado . É um projecto de muitos anos que pretende devolver os bichos ao mundo selvagem e já existem muitos macacos que nasceram na ilha e que apesar de habituados ao contacto com humanos são já selvagens .
O guia antes de ir disse-nos que era fundamental levar : água , repelente , protector solar e calçado adequado ( neste caso umas galochas que emprestam no hotel ) . E lá fomos nós os sete mais as duas raparigas com ar de vips .
Ao fim de uns minutos de caminhada o primeiro macaco a vir-nos dar as boasvindas foi um saguizinho atrevido que saltava de pescoço em pescoço a ver qual de nós lhe dava boleia nas costas e um bocadinho de banana !
Fomos caminhando histéricos de riso com a história até chegar a uma clareira onde estão dispostas bancadas para alimentar os macacos . Eles simplestemente vão aparecendo e surrupiando todos os pedaços de banana que podem . Às vezes esquecendo-se que precisam das patas para voltar a trepar às arvores e então ficam na indecisão ? largo a banana ou trepo ? É engraçado ver as expressões deles . Os mais medricas não descem e aguardam até que um turista se lembre de começar a atirar bocados de banana para os ramos , funciona lindamente e assim ficam todos satisfeitos .
Para uma primeira vez na selva estava a ser fantástico e depois do jantar ainda tivemos a oportunidade de sair de bote em plena noite para ir ver caimões . Uma experiência muito National Geographic .
Andar de barco , em silêncio total , sem luz a não ser o foco que usam para detectar os caimões e conscientemente no meio de um rio com meio kilometro de largura foi .... de suspirar de alegria e pensar ... é mesmo verdade ... eu estou aqui !
Fui para a cama feliz !
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